05 de junho de 2016
10º Domingo do Tempo Comum
X Congresso Mariológico – Maria na Liturgia e na Piedade Popular

Homilia da Missa de Encerramento


Estamos no 10º Domingo do Tempo Comum, e ao longo deste tempo litúrgico a Igreja nos convida a  seguir Jesus Cristo, a contemplar o que Ele fez e disse. É também tempo da Igreja continuar a obra de Cristo nas lutas diárias e na incansável missão de tornar presente o Reino de Deus.

Nesta Eucaristia, rendemos graças a Deus pela realização do X Congresso Mariológico que teve como tema: Maria na Liturgia e na Piedade Popular. Tudo aqui refletido nestes dias nos ajudaram a compreender melhor o lugar de Maria na vida litúrgica da Igreja, nas manifestações da piedade popular e sua íntima relação com o mistério pascal de Cristo que celebramos em cada sacramento, e de modo especial, na Eucaristia. Este Congresso foi realizado pela Academia Marial de Aparecida em parceria com a Faculdade Dehoniana de Taubaté e a CNBB.

Na leitura do Primeiro livro dos Reis, o profeta Elias, anuncia a esperança e a vida àquela pobre mulher, a viúva de Sarepta, que perdera a fé e a alegria com a morte do filho. Confiante no Deus da vida, o profeta intercede em favor do menino e sua oração é atendida. Deus ressuscita seu filho. A viúva confessa a fé em Elias como homem de Deus: “Agora vejo que és um homem de Deus e que a Palavra do Senhor, em tua boca é verdade”.

Diante das muitas realidades de desânimo e de desespero nós, cristãos, somos chamados a viver nossa vocação profética, anunciando e testemunhando com gestos de amor, de misericórdia, o projeto de salvação do Senhor. Não podemos cair na indiferença, na falta de esperança e na falta de solidariedade para com tantos sofredores.  Se cremos em Deus, devemos viver como profetas e profetizas da vida, da alegria e da esperança levando a todos a Palavra da Verdade.

O Evangelho, em sintonia com a primeira leitura, nos revela o Deus de misericórdia em Jesus Cristo que, ao ver a pobre viúva e movido de compaixão vai ao seu encontro e reacende no seu coração a esperança: “Não chores!”, diz o Senhor a ela. Diante da atitude misericordiosa de Jesus, neste milagre da ressurreição, o povo exclama: “Deus visitou o seu povo”. De fato, Deus visita o seu povo em Jesus: Ele é  o rosto misericordioso do Pai. Jesus é “o grande profeta”, que transmite a Palavra da vida e anuncia o Reino com atitudes de justiça, misericórdia e amor que ressuscitam. Nós já participamos do milagre maior: sua Ressurreição que nos dá vida nova. Seguindo seus passos, em nossa missão evangelizadora devemos promover a vida,  solidarizar-se com tantos sofredores, dar um pouco de atenção aos outros, vencendo a indiferença, praticar obras de misericórdia, e amar a todos de coração sincero.

Devemos hoje refletir: qual é o nosso compromisso de profetas e missionários da misericórdia?  Fazemos parte dos que caminham sem esperança, indiferentes, movidos pela tristeza e pelo desespero ou caminhamos ao lado de Jesus com fé na ressurreição, comprometidos na promoção e defesa da vida? Nossos gestos de amor, de misericórdia,  também encorajam, animam a tantos que caminham abatidos,  sem a luz, a força do Evangelho de Cristo? Precisamos ter palavras e atitudes consoladoras e solidárias,  diante das dores dos irmãos e do mundo.

Devemos ter convicção de profeta, a mesma fé de Elias, a compaixão de Jesus, a coragem de Paulo e dos demais apóstolos, que encontraram no Evangelho força para viver e para partilhar da missão de Nosso Senhor. Assim, como eles, seremos instrumentos do seu poder libertador. Isso requer de nós conversão, mudança de vida e abertura de coração ao Evangelho do Deus da Vida.

Jesus nos convoca a anunciar o projeto de Deus para toda humanidade. Ser profeta hoje é viver com fé comprometida, reconhecendo a presença de Deus em todos os momentos de nossa vida,  e viver em comunhão com Ele, nas alegrias e nas lutas de cada dia, para sermos uma resposta de amor que transforma as realidades sociais, políticas, culturais, rompendo com as estruturas de morte, frutos da exclusão, da desigualdade, da corrupção,  da globalização da indiferença, do egoísmo presente no coração de quem ainda não reconheceu o Deus de misericórdia que veio visitar o seu povo.

Agradecemos nesta Eucaristia os trabalhos realizados neste X Congresso Mariológico. Esses dias nos ajudaram a crescer no amor a Nossa Senhora, pelas reflexões, experiências partilhadas de fé e vida. Pedimos ao Senhor que derrame suas graças sobre todos os participantes, assessores, colaboradores e associados da Academia Marial. Agradecemos à Academia Marial que incansavelmente tem se empenhado nas reflexões sobre a pessoa de Maria e seu lugar no plano da salvação. Agradecemos à Comissão Pastoral Episcopal da CNBB e a Faculdade Dehoniana a valiosa colaboração que muito enriqueceu esse Congresso Mariológico.

Pedimos ao Senhor, pela intercessão de Nossa Senhora Aparecida, a Mãe de Misericórdia, que perseveremos em nossa missão de profetas da alegria, da esperança e do amor. Sob sua proteção, cresçamos na fé, para que crendo de todo coração, possamos celebrar na liturgia e na vida os mistérios da salvação e sempre reconhecer a presença de Deus entre nós.

Dom Raymundo Cardeal Damasceno Assis
Arcebispo Metropolitano de Aparecida