SANTUÁRIO NACIONAL DE NOSSA SENHORA APARECIDA
16º. Encontro Nacional de Presbíteros


Dom Giovanni d’Aniello, Núncio Apostólico;

Dom Jorge Carlos Patrón Wong, Secretário da Congregação para o Clero e  Referencial para os Seminários;

Dom Jaime Spengler, Arcebispo de Porto Alegre e Presidente da Comissão Episcopal para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada;

Dom Juarez Sousa da Silva, Bispo de Parnaíba, PI, e Bispo Referencial dos Presbíteros no Brasil;

Nas suas pessoas saúdo todos os Irmãos no Episcopado.

Saúdo, particularmente, meus irmãos no  ministério presbiteral que estão participando do 16º. Encontro Nacional de Presbíteros, cujo tema é: a alegria no anúncio do Evangelho.

Na primeira leitura tirada do livro dos Atos dos Apóstolos, vemos uma Igreja em saída, uma Igreja que caminha, que sai na frente e vai ao encontro dos afastados e esquecidos.  Paulo e Barnabé visitam novamente as comunidades por onde já haviam passado, para confirmá-las na fé e organizá-las melhor e para isso designaram presbíteros para cada uma dessas comunidades. Os presbíteros eram homens experimentados, que desempenhavam o ministério sagrado em virtude do sacramento da ordem, conferido pelos Apóstolos  com a imposição das mãos, e eram encarregados de presidir e animar as comunidades. Também hoje não faltam presbíteros que se lançam, com alegria, no anúncio do Evangelho.

A vida das primeiras comunidades cristãs, não era nada fácil. Conforme o texto dos Atos dos Apóstolos,  experimentavam muitas dificuldades ao abrir novos caminhos na pregação do evangelho e enfrentavam até mesmo perseguições por causa de sua firmeza na fé em Jesus Cristo. “É preciso que passemos por muitos sofrimentos para entrar no Reino de Deus”.  A tribulação, o  sofrimento fazem parte da vida do discípulo de Cristo, como também, a certeza de estar unido  a Ele na glória, na vitória.

O Brasil passa por momentos difíceis, e os presbíteros, solidários com seu povo, também participam dessas dificuldades e com a fé no Senhor que faz novas todas as coisas, continuam a anunciar, com alegria, a boa notícia do Reino de Deus.

O mundo de hoje rejeita o sofrimento e quer somente gozar ao máximo a vida, aproveitando cada momento, esquecendo-se de que Cristo nos salvou pela sua paixão e morte, e  que aquele que deseja ser seu discípulo deve renunciar a si mesmo e tomar a sua cruz e segui-lo, para participar também da sua ressurreição, da sua glorificação. O texto de hoje dos Atos dos Apóstolos nos mostra que, no passado como no presente,  a verdadeira causa da expansão missionária da Igreja se deve à ação do Espírito Santo. Os apóstolos eram apenas instrumentos nas mãos de Deus. “Paulo e Barnabé contaram aos discípulos tudo o que Deus fizera por meio deles e como havia aberto a  porta da fé para os pagãos”.

Em pleno tempo pascal, pode parecer estranho o evangelho de hoje nos falar dos últimos momentos  da vida de Jesus. O texto de hoje se encontra depois da partida de Judas, do cenáculo para trair Jesus e entrega-lo às autoridades que queriam matá-lo. Jesus pronuncia palavras não de derrota, mas de vitória: “agora foi glorificado o Filho do Homem e Deus foi glorificado nele”.  A paixão e  morte humilhante da cruz é o seu momento de exaltação e de glorificação.

O evangelho deste domingo termina com o mandamento novo que Jesus deu aos seus discípulos: “amai-vos uns aos outros, como eu vos amei”. Este mandamento que o Senhor Jesus nos deixou é o que define sua vida e sua pessoa e nós, se quisermos ser discípulos seus, devemos nos identificar pelo amor fraterno e pelo dom de si mesmo aos outros.

Caros irmãos,  talvez  já tenhamos cumprido tudo o que Jesus nos mandou fazer, menos, quem sabe, o mandamento do amor que ele nos deixou. Há ainda muita divisão, conflitos, violência, corrupção, injustiça, na família, nas cidades, no mundo de hoje. Estamos longe de realizar o que Jesus nos ordenou: “amai-vos uns aos outros com o eu vos amei”. O único distintivo que Jesus coloca para ser reconhecido como seu discípulo é o amor. Se  colocamos acima do amor ou à margem dele outros valores, mesmo que sejam importantes, ainda não somos verdadeiramente discípulos de Jesus.

Maria, mãe, discípula e missionária de seu filho Jesus, nos conduza a Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida e nos ensine por sua vida a ser verdadeiros discípulos de seu Filho e testemunhas do Evangelho na sociedade de hoje.  Que Ela interceda junto de Deus, suplicando suas bênçãos pela presidência da Comissão Nacional de Presbíteros que concluiu seu mandato e acompanhe, com sua proteção maternal, a nova presidência eleita neste 16º. Encontro Nacional de Presbíteros para um mandato de quatro anos.

Dom Raymundo Cardeal  Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida-SP