“Se a Igreja pedir vossos serviços, não os aceiteis por desejo de subir mais alto nem os recuseis impulsionados pelo doce repouso; mas obedecei a Deus com mansidão de coração, submetendo-vos com suavidade Àquele que vos dirige, que guia os mansos na justiça e ensina os dóceis em seus caminhos”. (Santo Agostinho)

Quarto filho de uma família de 10 irmãos, Dom Raymundo Damasceno Assis nasceu em 15 de fevereiro de 1937, na cidade de Capela Nova, em Minas Gerais. Aos 10 anos de idade ingressou no juvenato São José dos irmãos Maristas em Mendes, no Rio de Janeiro.

Único dos filhos a seguir a vocação religiosa, Dom Damasceno conta que seus pais, Carmem e Francisco, não se opuseram a vontade dele de entrar para o juvenato. “A minha decisão era muito clara, mesmo com aquela idade de 10 anos. Apesar da distância e de sentir muito a separação, no início, eu acabei me acostumando e segui no juvenato até terminar meus estudos”.

Ao concluir o ginásio (atual ensino fundamental), Dom Damasceno decidiu deixar os irmãos maristas. “Eu julguei que a minha vocação era para sacerdote ordenado e, então, decidi deixar os maristas”. Em 1955 entrou para o Seminário Menor, em Mariana (MG) onde cursou o segundo grau e o curso de Filosofia.Depois de concluído o curso de Filosofia, Dom Damasceno foi enviado pelo seu arcebispo para Brasília para ajudar na instalação da recém-criada arquidiocese. “E a partir daí, eu mudei meu local de estudos para Brasília até ser enviado para Roma e para a Alemanha”. Dom Damasceno chegou em Roma em 1961 onde cursou Teologia e, em 1965 foi para a Alemanha, onde concluiu o Curso Superior de Catequese.Ordenação Presbiteral - Ao voltar para o Brasil em 1968, o então seminarista foi ordenado diácono e, no dia 19 de março, ordenado sacerdote em Conselheiro Lafaiete (MG). “Nessa época meus familiares já moravam em Conselheiro Lafaiete. Meu ordenante foi o 1º arcebispo de Brasília, Dom José Newton de Almeida Batista e a minha ordenação foi na matriz de Nossa Senhora da Conceição”.

Depois de ordenado, Dom Damasceno ocupou várias funções na Arquidiocese de Brasília: coordenador de Catequese da Arquidiocese, 1968-1970; Pároco da Igreja do Santíssimo Sacramento, 1968-1976; Chanceler da Arquidiocese, 1968-1979. “Ajudei a fundar o seminário maior Nossa Senhora de Fátima da arquidiocese e permaneci trabalhando no seminário até a minha ordenação episcopal. Nessa época, eu também lecionava Filosofia na Universidade de Brasília”.

Ordenação Episcopal - Dom Damasceno foi ordenado bispo no dia 15 de setembro de 1986, em celebração realizada na Catedral de Brasília. Seu lema episcopal é In Gaudium Domini (Na alegria do Senhor).O sagrante principal foi o Cardeal Dom José Freire Falcão, na época arcebispo de Brasília, e consagrantes o 1º arcebispo de Brasília, Dom José Newton e Dom Geraldo Ávila, bispo auxiliar da arquidiocese. “Esteve presente também Dom Carlo Furno, o então Núncio Apostólico no Brasil”.

Depois de ordenado bispo, Dom Damasceno continuou em Brasília ocupando as funções de bispo auxiliar e Vigário Geral da Arquidiocese e Diretor do Curso Superior de Teologia para leigos.

Em 1991, ele foi eleito Secretário-Geral do Conselho Episcopal Latinoamericano (Celam), cargo que ocupou até 1995. “Quando fui eleito secretário-geral do Celam, Dom Falcão permitiu que eu me mudasse para Bogotá para cumprir as minhas funções. Nesse período também se realizou IV Conferência Geral do Episcopado Latinoamericano, em Santo Domingo (1992), na qual fui nomeado pelo Papa João Paulo II o secretário-geral”.

Dom Damasceno retornou para Brasília em 1995 e, logo em seguida, foi eleito secretário-geral da CNBB, cargo que exerceu por dois mandatos até 2003. “Lá em Brasília, como era bispo auxiliar, Dom Falcão me dispensou de algumas tarefas para que eu pudesse exercer o cargo de secretário-geral da CNBB”.

Em novembro de 2003, Dom Damasceno foi eleito membro da Academia Brasiliense de Letras, tomando posse na cadeira 33, no dia 23 de junho de 2004.

Arquidiocese de Aparecida: Depois de 44 anos servindo na Arquidiocese de Brasília, Dom Damasceno foi nomeado, em 28 de janeiro de 2004, o quarto Arcebispo da Arquidiocese de Aparecida, tomando posse no dia 25 de março do mesmo ano.

“Meu ministério sacerdotal e episcopal foi sempre em Brasília. Nunca pensei que iria ser nomeado arcebispo de Aparecida. Eu achava que poderia continuar em Goiás ou até mesmo ser enviado para Minas Gerais porque sou mineiro. A nomeação para Aparecida foi mesmo uma surpresa”.

Quando já estava em Aparecida, Dom Damasceno foi eleito Presidente do Celam para o quadriênio 2007-2011, na 31ª Assembleia Geral na Cidade de Havana, Cuba, em julho de 2007.

Vaticano - Sínodo dos Bispos: Dom Damasceno foi nomeado pelo Papa João Paulo II, Padre Sinodal na Assembleia Especial para a África (1994), e Padre Sinodal, eleito pela Assembleia da CNBB e confirmado por João Paulo II, na Assembléia Especial para a América (1997). Em 2008, foi nomeado pelo Papa Bento XVI para a XII Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos – Sínodo da Palavra. Em 2009, Sua Santidade o nomeou Padre Sinodal para a II Assembleia Especial para a África e para a Assembleia Especial para o Oriente Médio, em 2010. O Cardeal Arcebispo é também membro do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais e da Pontifícia Comissão para a América Latina.

Cardeal – Em 2010, Dom Damasceno foi criado Cardeal pelo Santo Padre Bento XVI, no consistório realizado no dia 20 de novembro, em Roma. “Creio que o Papa quis prestar uma homenagem a Arquidiocese de Aparecida me nomeando Cardeal. Ele quis fazer uma distinção a Aparecida e ao Brasil pelo fato da Arquidiocese sediar o Santuário Nacional da Padroeira do Brasil, e à Igreja na América Latina, por ser Presidente do Celam. Isso me alegra muito e eu agradeço ao Papa pela confiança depositada em mim. Eu agradeço a Deus por ter me dado essa oportunidade de continuar servindo a igreja, como Cardeal. Deus sempre reserva para nós muitas surpresas”.

E, em abril de 2011, Dom Damasceno foi eleito presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) durante a 49ª Assembleia Geral, realizada em Aparecida, para o mandato de 2011-2015. “Somando todos os anos em que exerci funções na presidência do Celam e da CNBB foram, ao todo, 20 anos de serviço à Igreja no Brasil e na América Latina”.