Acontecerá  em Roma, de 6 a 27 de outubro, o Sínodo sobre a Amazônia. O Criador nos deu o belo jardim que chamamos de Amazônia.  Cuidar da Amazônia é cuidar do jardim do Criador para que não se torne um deserto desolador.  Já o indígenas pediam e pedem que a Amazônia seja uma “Terra sem Males”.

Exultemos  de  alegria e agradeçamos ao Papa Francisco a dádiva deste Sínodo. Já o Papa Paulo VI dizia: “Cristo aponta para a Amazônia”. A Igreja está nestas terras desde a descoberta do Brasil. Em 1537, o Papa Paulo III condenou a escravidão dos índios. Em 1639, o Papa Urbano VIII excomungou quem escravizava os indígenas. Em 1972, a CNBB criou o “Conselho Indigenista Missionário – Cimi”, em favor da legalização das terras dos índios.

Em 2007, a Campanha da Fraternidade teve como tema: “Amazônia e Fraternidade”. Neste mesmo ano, a Conferência de Aparecida se opôs   a “internacionalização da Amazônia” por interesses econômicos das corporações internacionais” (DA , 86) .

O Papa Bento XVI, no encontro com os jovens no Estádio do Pacaembu no dia 10 de maio de 2007, chamou a atenção sobre  a “devastação ambiental da Amazônia e a ameaças à dignidade humana de seus povos” (DA, 85)

São João Paulo II defendeu “a promoção humana como parte integrante da evangelização”, na Conferência de Santo Domingo, em  1992.  Percebemos,  assim,  que desde longa data, a Igreja se ocupa com a missão, a evangelização, a salvação dos povos da Amazônia. Por isso mesmo, o tema sobre o Sínodo sobre a Amazônia é: “Amazônia novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”.

Quem habita a Amazônia? Os índios, os negros, os migrantes nordestinos, os colonos, os ribeirinhos, os posseiros, os sem-terra, os castanheiros, os militares, os seringueiros, os fazendeiros, os madeireiros, os pecuaristas, os mineradores,  os  garimpeiros, a grande população urbana. O narcotráfico, a prostituição infantil, o tráfico humano, dominam a Amazônia. É urgente levar o Evangelho de Jesus de Nazaré a toda esta realidade.  Lembremo-nos que evangelizar é humanizar, civilizar, promover a vida, a dignidade humana, o bem comum, a justiça e a paz. A evangelização é para a promoção humana, a fraternidade, a santificação e a salvação de todos em Jesus Salvador do mundo.

Pensando na missão evangelizadora, a Igreja  tem  criado muitas obras sociais em favor dos povos amazonenses.  Recentemente, foi inaugurado o “Barco-Hospital” que atenderá uma área de 700 mil pessoas ao longo do rio Amazonas.

A missão na Amazônia custou o sangue do missionário Padre Ezequiel Ramim, da Ir. Dorothy Stang, de leigos e leigas, dentre eles, Chico Mendes. Missionários católicos encontram hoje dificuldades para evangelizar o território amazonense, enquanto para outras religiões as portas estão abertas e  a  entrada facilitada.

A Amazônia é do Brasil, mas, suas matas, na biodiversidade, suas águas são um bem para todo o Planeta. Não transformemos em deserto o jardim dado a nós pelo Criador. Rezemos  pelo  Sínodo para a Amazônia.

Outubro é também, conforme proclamou o Papa Francisco, o “Mês Missionário Extraordinário”. A missão é o máximo desafio da Igreja, é a primeira de todas as causas, é o paradigma para toda a vida da Igreja, diz o Papa Francisco. O missionário não tem medo das limitações, não desanima diante do joio, não lamenta nem olha o lado negativo. Isso é possível se o missionário for pessoa de oração, de vida interior, de mística e espiritualidade. Mais ainda, a vida interior lhe confere alegria, ousadia, consistência, generosidade. Portanto, o segredo é: mística e missão.

Missão é evangelizar a todos, em todos os lugares, em todas as ocasiões, sem demora, sem repugnância, sem medo. Consiste em ir à frente, ir ao encontro, tomar iniciativa, ousar mais, encurtar distâncias, entrar na vida das pessoas e na noite do povo, procurar os afastados.

Ficou famosa a expressão "Igreja em saída", em chave missionária, Igreja do "ide". Esta Igreja sai da acomodação, da mesmice, caminha, visita, semeia sem parar, sempre de novo e vai além. Diz o Papa: "prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e acomodação".

A Igreja missionária contrai o cheiro das ovelhas, está perto dos pobres, vai às periferias existenciais que são todas as pessoas de boa vontade. A Igreja missionária toca nas feridas do povo. Ela é como um hospital de campanha, uma mãe de coração aberto e portas abertas.

 

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                            Dom Orlando Brandes

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                          Arcebispo de Aparecida