O Santuário Nacional lançou, durante coletiva de imprensa no dia 02 de janeiro, a campanha "Eu sou o Brasil Ético". O arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes e o reitor do Santuário, Padre João Batista de Almeida, explicaram a ação, que tem como objetivo convocar os cristãos a fazer uma profunda reflexão sobre os valores que devem reger suas ações e, a partir disso, construir um Brasil diferente.

 

"Não estamos aqui fazendo qualquer propaganda de política partidária. Nós estamos aqui em nome da nossa fé, que se manifesta no amor e a política, como nossos papas sempre disseram, é uma alta forma de amor", afirmou Dom Orlando ao abrir os trabalhos.

 

Ao longo da entrevista, pontos que norteiam o projeto foram explicados na fala dos religiosos. Entre as ações previstas, está um momento de oração pelo Brasil todo dia 12 no Altar Central durante a celebração do Dia Nacional Mariano.

 

"Queremos acolher o povo e ajudar o povo a rezar pelo nosso país. Nós temos essa vocação, quase uma obrigação. Rezaremos pela nação todos os dias, mas no dia 12 teremos esse momento especial. E, em cada mês, rezaremos alguma situação do Brasil", destacou o reitor do Santuário.

 

Ele também evidenciou os problemas sociais e econômicos do país, destacando que eles se tornaram a motivação da campanha por não estarem de acordo com os valores do Evangelho. Para isso, citou Nossa Senhora Aparecida como mãe preocupada com a atual situação dos brasileiros. "O sonho da mãe é ver seus filhos realizados, com saúde, educação e direitos básicos garantidos. Quando o filho está doente, desempregado, fora da escola a mãe se preocupa e luta pela vida plena, que nós podemos chamar de justiça", exemplificou.

 

Além das orações, o Santuário deseja provocar nos fiéis mudança de atitudes no dia-a-dia, como as pequenas corrupções e o "jeitinho brasileiro". "Nós gostaríamos de ao longo deste ano, em nossas celebrações, catequeses e publicações recordar às pessoas a necessidade de abandonar essas práticas que também são corruptas", explica padre João.

 

Os religiosos devem instruir também os fiéis a não votar em candidatos com ficha suja e procurar aqueles que estão mais de acordo com os princípios do Evangelho e da Igreja. "Isso não quer dizer que queremos criar uma bancada católica ou instruir o voto de cabresto. Muito pelo contrário, desejamos que os fiéis entrem no mundo da política para fazerem a diferença vivendo segundo os valores de Jesus. Os padres, bispos, religiosos e religiosas são proibidos de disputar e exercer cargos públicos, mas o leigo não. Então, queremos fomentar neles o desejo de ocupar estes espaços", comentou o arcebispo.

 

O projeto é encabeçado pelo Santuário Nacional e a Arquidiocese de Aparecida e baseia-se nos pronunciamentos dos papas e da Igreja. Entre os documentos utilizados como base nas reflexões, está a Doutrina Social e as encíclicas que convocam os cristãos a se posicionarem diante da sociedade.

 

Entre as mais importantes para a Igreja estão a Rerum Novarum, primeira das encíclicas sociais, escrita por Leão XIII, Quadragesimo Anno, de Pio XI, e Mater et Magistra, de João XXIII. Mais recentemente, trabalharam neste campo as encíclicas Centesimus Annus, de João Paulo II, a Caritas in Veritate de Bento XVI e a Laudato Si, lançado pelo Papa Francisco em 2015.

 

Victor Hugo Barros